sexta-feira, 10 de agosto de 2012

outonando

desenho_anna

ilustração feita pelo meu querido amigo Mateus Lima (Diadorim). Obrigada querido!

Destonando-se as cores. Meus verdes foram deixando os marrons tomarem espaço no meu caminhar, e eu que não sabia ainda o que era outono. O frio congela mais amores e pensamentos que meu inverno de costume, camadas de calor não são suficientes para que não passe desapercebido, o que me faz continuar é tanto amor que ainda me aquece. Esse tanto que vem de dentro de mim, de saudade, de presença, de sobra, amor que vai e não quer deixar de vim, as cores vão deixando os sépias tomarem espaço, enquanto cinzas, marrons, alaranjados pulam aos meus olhos em um cenário quase sem cor, de um céu que chora frio em minha cabeça num quase desabafo eterno. Meu corpo chora junto carregando no ombro todo o seu dizer, o frio rodeia. Encolho os ombros, abaixo a cabeça, junto o corpo todo num gesto forte de encontrar calor, que tensionam todos os músculos. Depois daquele duro caminhar, eis que me levanto, num repente de suspiro, ergo a cabeça para aliviar as entranhas e dou um respirar que enfumaça no ar. E assim, como quando estou diante de uma lareira que acalenta com fogo, me vejo a olhar para aquela arvorezinha laranja, sozinha, única em sua beleza ainda colorida, reluzindo naquele dia sem cor. E então, permito-me um sorriso encantado.

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