Já falei da exposição em um post anterior: este aqui, divulgando e falando um pouco sobre. A data para término era dia 29 de novembro, mas foi estendida até o dia 19 de dezembro no Palácio das Artes. Portanto, quem ainda não pôde ver, ainda tem tempo!
O post de hoje é sobre as minhas próprias conclusões e impressões de quando visitei o espaço. Foi bem gostoso! Quem tiver paciência pode dar uma lidinha!
Sobre a exposição do Rio São Francisco, idealizada por Ronaldo Fraga, o que tenho a dizer é que tive deliciosas impressões. Primeiro porque, como já conhecia a coleção apresentada em junho de 2008, já fui com uma retórica muito agradável em relação ao assunto tratado pelo Ronaldo – da maneira como ele dispunha o assunto até o resultado final: desfile, roupas, acessórios e uma música que eu, particularmente, sou encantada (montagem editada por Ronaldo Gino com a voz de Tetê Spíndola e o som do grupo Barbatuques – maravilhoso).
Segundo porque, ao entrar no primeiro ambiente, o estilista já vinha aconchegando o espectador com sua voz que saía de um vídeo, vídeo este que contava um pouco sobre o entorno do Velho Chico e sobre o porque de contar as histórias dele. Isto tudo eu ouvi sentada em almofadinhas estampadas de histórias. O espaço era completado de informações ribeirinhas, culturais, culinárias e artesanais. Havia em uma parede um desenho de todo o percurso do Velho Chico, bonito todavida, passando por Minas, Bahia e Alagoas – que delícia! Em cada cidade um buraquinho para espiar melhor uma foto ou um vídeo com causos e lindas imagens daquele lugar, as vezes só mostrando os rostos daquelas crianças lindas que vivem por lá, rindo de vergonha ou de graça de estarem sendo filmadas, uma coisa diferente no dia delas. Pois eu ri junto, achei lindo!
Malas, maletas, caixotes, histórias, homens na rede, frutos, sementes, peixes, enlatados ou não, estavam por toda a parte, enfeitando e contando estórias por onde se passava. Cabides com roupas que saiam um som gostoso, meio poesia, meio música – quase que tinha que abraçar a boneca para ouvir mais de perto o som – momento do abraço, acho que isto é bem ribeirinho também. E a hora da fé, que não falha pra este povo, não faltou – pisando em sal grosso vimos a fé nas imagens desse povo espalhadas, nos terços e crucifixos artesanais carregados com carinho e devoção. E os ditos populares e o ABC do São Francisco não ficaram de fora, tamanha bobajada popular que fazem rir nossos corações.
Daí nos encontramos com algumas peças da produção do desfile de Ronaldo – intocadas – mas admiradas de fora com seus lindos caimentos e bordados que amarram as riquezas de um povo, apliques e sobreposições que narram histórias, peixes que nadam em tules leves e delicados. Tudo muito bonito mesmo.
Fiquei sensibilizada com o vídeo da cidadela de Rodelas, na Bahia, que foi desabitada para construir a tal da grande hidrelétrica em cima – contado por Wagner Moura, que fez parte deste evento da cidade, o vídeo nos mostra um pouquinho daquilo que é saudade – como diz um senhor no vídeo: “saudade é vontade de ver de novo”.
E então nos deparamos com muito mais do que três dúzias de garrafas, uma infinidade delas, rotuladas com coisas boas de várias cidades do entorno do Rio, e com o que dentro? Adivinhe? Água daquele rio que se homenageia, ele mesmo, o São Francisco. Lindo, lindo.
Para finalizar, entro em um espaço vazio, mas cheio, de luz e de depoimentos de quem por ali passa – é o giz marcando o seu chão. Enfim, como naquelas festas de São João, ou nas quermesses do povo do interior, uma “pescaria” de brincar, brincar de conhecer o Rio ainda mais – suas dimensões, importâncias e conquistas. Pesquei uns dois ou três peixes.
Por fim, me encantei!
Boas Impressões!